segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O MAL FARÁ ALGUM BEM?

  1. Por hábito, fico sempre retraído diante do «diz», do «diz que diz». Assusta-me quem baseia a sua conduta no mero «diz».
  2. Um quarto dos jovens «diz» que fumar haxixe não faz mal. Quinze por cento dos jovens «diz» que é normal conduzir após beber três cervejas. Eles bem podem «dizer». Mas uma coisa não deixa de fazer mal por muito que se diga que faz bem. A ilusão não impede o livre curso da realidade. O que é mal alguma vez fará bem?
 
  1. Eis o grande companheiro de jornada na viagem que fazemos pelo tempo: o erro.
É ele que nos acompanha, mesmo quando o pretendemos afastar. Acompanha-nos quando andamos desprevenidos. E não deixa de nos visitar até quando nos sentimos precavidos.
 
  1. Luc de Clapiers era mesmo de opinião que «ninguém está mais sujeito ao erro do que aquele que só age depois de ter reflectido». Mas, ao menos, esse ainda saberá que erra.
Quem reflecte, pode errar. Mas quem não reflecte, erra com certeza. E, pior, nem se apercebe do erro.
 
  1. Necessário é pensar. Fundamental (e cada vez mais urgente) é repensar o que se tem pensado.
É bom encher salas e praças. Mas é melhor preencher a vida. Há praças que estão cheias. Mas as pessoas, que as enchem, sentem-se vazias. Não basta trazer as pessoas para o centro. É prioritário ir ao encontro das pessoas nas periferias. Muita coisa se entende nos lugares. Mas tudo se decide na pessoa. Em cada pessoa.
 
  1. Nesta vida, tudo é relacional. Neste mundo, tudo é relativo: as vitórias e também as derrotas. Aliás, já Charles de Montalembert sentenciava: «Nunca se é tão vencedor nem tão vencido como imaginamos».
É por isso que admiro quem conserva a humildade e a magnanimidade na hora da vitória. E continua a estender a mão a todos. Porque todos são necessários para edificar a grande obra humana: o bem comum.
 
  1. Convencer não pode ser um movimento em sentido único. Tem de haver abertura, reciprocidade. No fundo, quando se pretende convencer, não é para atrair para si, mas para a verdade. E é por isso que a vontade de convencer tem de ser simétrica à disponibilidade para ser convencido.
Philiph Chesterfield anotou: «Se queres convencer os outros, deves parecer pronto a ser convencido». Convencer é não aceitar vencer sozinho, sobre os outros ou contra os outros.
 
  1. Não procure a novidade. Procure a autenticidade. Terêncio reconheceu que «não se diz nada que já não tenha sido dito».
A novidade nem sempre é autêntica. Mas a autenticidade nunca deixa de ser nova. E inovadora.
 
  1. São mais de 28 mil os idosos que vivem sozinhos. Isto é o que dizem os estudos. Mas serão, seguramente, muitos mais os que vivem sós.
Às vezes, a solidão que mais dói é aquela que temos no meio de muita gente, no meio de certa gente.Não há solidão apenas no isolamento. Também há solidão no meio da multidão.
 
  1. A frieza e a indiferença magoam tanto como o abandono. Não deixemos que a sociedade seja uma amálgama.
Façamos tudo para que a humanidade possa ser uma família. Sem preferidos nem preteridos.
 
  1. Àquilo que desejamos chegamos tarde ou, por vezes, nunca. Àquilo que tememos acabamos por chegar rapidamente.
O Padre António Vieira assim o notou: «A muitos lugares chegamos tarde e com dificuldade; ao último chegamos depressa e facilmente». A vida é uma viagem a ritmo muito acelerado!
Fonte: aqui

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