sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O que é o Purgatório?

As flores murcham
as lágrimas evaporam-se
as velas derretem-se
a oração recolhe-a Deus 
(Sto Agostinho)

Purgatório é esse espaço de derradeira purificação antes da visão de Deus. E faz parte da nossa tradição crente a convicção da fé de que ninguém vai directo ao paraíso, se antes não passar por esta purificação pelo fogo do amor divino, aquilo que os místicos já intuíam como a purificação passiva do espírito, desses restos de apego de si a si mesmo, para que então finalmente Deus seja Deus em nós mesmos. O Purgatório é então o 'lugar' de purificação dos restos de pecado, deste apego último às criaturas e que impede o mergulho no fundo oceânico e abissal do mistério de Deus. Porque só o amor purifica, então o Purgatório será esse espaço de tempo sem tempo e mesmo assim distinto da visão beatífica em que o fogo do amor divino purifica o nosso ser e, neste caso, o nosso coração e o nosso olhar para a visão da Trindade.

Na Comunhão dos Santos
 A oração e a esmola
   
Só os mártires por causa da fé ou os santos que viveram a heroicidade das virtudes, que fizeram da vida um autêntico purgatório, um tempo de purificação existencial pela intensidade do amor de Deus acolhido, é que a Igreja declara que na morte as suas almas acedem logo à visão beatífica, à contemplação de Deus face a face, na qual consiste a bem-aventurança eterna. Quanto ao resto, quanto a nós que esperamos encontrar um lugarzinho de esperança no purgatório de modo que possamos estar nem que seja ao entrar da porta do Paraíso (Deus nos livre da perdição eterna!...), temos todos de passar por essa purificação passiva do espírito, que poderá ser mais intensa e temporalmente atenuada se for apoiada e suportada pela oração da Igreja.

E assim se juntam duas coisas: a oração e a esmola, como exercício da espiritualidade cristã, numa sadia e tão simples vivência da comunhão dos santos, nas diversas fases em que se encontram: os que vivem ainda na condição de peregrinos, entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, com os que já se encontram em lugar de esperança, mas que contam com a nossa oração; e os que se encontram na glória a interceder por nós, para que assim como eles, mantenhamos, apesar de tudo e em todas as circunstâncias, o nosso coração em Deus: bem-aventurados os que morrem no Senhor, porque as suas obras os acompanham!
Não desejo a morte,
mas não temo a   morte

A vida, toda a vida, é dom de Deus. Pertence-lhe. Compete-nos administrar esse dom fabuloso que Ele nos confiou.
A vida terrena como a vida eterna são dons da infinita bondade do nosso Deus.
Por isso, o crente quer sempre a vida, no tempo ou na eternidade. Nesse sentido não deseja a morte.
Mas a morte abre-nos as portas para a vida em plenitude, para os braços do Pai. Assim, não a teme.
Novembro:
Para que vivemos? 
Segundo aquela máxima dos antigos de que a meditação sobre a morte – 'memento mori'-, sobre aquelas coisas que se não devem esquecer, é fonte de vida e de sabedoria, daquela que o mundo de hoje tanto precisa.
As pessoas fogem de pensar no fim como se a morte não existisse. Não, ela faz parte da vida. Ela ajuda a perspectivar a vida terrena.
Para que vivemos? 
Da resposta a esta pergunta, nasce a segunda pergunta:
Como vivemos?

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